segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

JOÃO SALDANHA - Arte Tumular - 387 - Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro








ARTE TUMULAR
Base tumular em granito fosco, em linhas reta, tendo no tampo, com letras de bronze, seu nome e datas. Na cabeceira tumular ergue-se uma cruz, também em granito.
Local:  Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro.
Fotos: Emanuel Messias
Descrição tumular: Helio Rubiales






PERSONAGEM
João Alves Jobin Saldanha (Alegrete, 3 de julho de 1917 — Roma, 12 de julho de 1990) foi um jornalista, escritor e treinador de futebol brasileiro.
Morreu aos 73 anos de idade.

Atuou profissionalmente por poucos anos no Botafogo, mas abandonou a carreira e se graduou em jornalismo, tendo se tornado um dos mais destacados da crônica esportiva brasileira. Em sua rápida passagem como técnico de futebol, levou a seleção brasileira a classificar-se para a Copa do Mundo de 1970. Deixou o comando do time antes do início da competição, em uma história até hoje não esclarecida.

Apelidado por Nelson Rodrigues como João Sem-Medo, militou por toda sua vida adulta no Partido Comunista Brasileiro e chegou à sua cúpula.

SINOPSE BIBLIOGRÁFICA
Saldanha nasceu no Alegrete, no estado do Rio Grande do Sul, no dia 3 de julho de 1917. Logo no inicio de sua vida, sua família resolveu deixar a terra natal e, após percorrer várias cidades do interior do Paraná, decidiram se instalar em Curitiba.

O primeiro grande contato de João com o futebol aconteceu ali, pois a casa comprada por Gaspar Saldanha, seu pai, ficava a dois quarteirões do campo do Atlético Paranaense, onde sempre ia assistir aos treinos das divisões de base, permitindo a proximidade do garoto com o futebol. Além disso, a casa da família em Curitiba permitia uma integração com toda a garotada da vizinhança, que organizava times, campeonatos, jogos, enfim, tudo dentro do estilo de vida da expansão urbana e das novas modas citadinas. Ali, João completaria o primário na mesma escola de um garoto que ainda seria importantíssimo personagem na história nacional como presidente da República: Jânio Quadros. Mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro, onde seu pai adquiriria um cartório. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro com pouco tempo estabilizado no Rio e engajou-se em muitas campanhas do partido. Logo mais, se tornaria um dos mais ferrenhos opositores do Regime Militar e figura de destaque no 'Partidão'.

Jogou futebol profissionalmente por uns poucos anos no clube carioca do Botafogo. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, atual UFRJ. Estudou Jornalismo e se tornou um dos mais destacados cronistas esportivos brasileiros, começando a carreira em 1960. Incentivado por amigos e por sua esposa na época, Ruth (irmã do jornalista Ruy Viotti), aceitou o convite para fazer um teste para integrar a equipe da Rádio Guanabara (atual Bandeirantes AM), montada por Édson Leite. A partir daí, acumulou passagens marcantes pelas rádios Nacional, Globo, Tupi e Jornal do Brasil, TVs Rio, Manchete e Globo (onde apresentou seus comentários esportivos no programa Dois Minutos com João Saldanha) e assinou colunas nos jornais Última Hora, O Globo, Jornal do Brasil e revista Placar. Com toda sua experiência vivida no futebol, não media palavras ao criticar jogadores, treinadores e dirigentes, conquistando fãs e desafetos.

Em 1957, o Botafogo, contratou-o como seu técnico, apesar de sua total falta de experiência. O clube ganhou o campeonato estadual daquele ano. Em 1969, ele foi convidado a se encarregar da seleção nacional. O Presidente da CBD - Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange alegou que o contratou na esperança de que os jornalistas fizessem menos críticas à seleção nacional, tendo um deles como técnico.

Na Copa do Mundo de 1966, uma das principais críticas da imprensa era a falta de um time-base. Saldanha tentou resolver esse problema e convocou um time formado em sua maioria por jogadores do Santos e do Botafogo, os melhores times da época; e os conduziu a 100% de aproveitamento em seis jogos de qualificação (Eliminatórias). De uma frase sua, quando teria dito que convocaria somente "feras", surgiu a expressão As feras do Saldanha para designar aquela seleção. Graças ao seu trabalho, a seleção brasileira reconquistaria a autoestima e a confiança do torcedor, que tinha perdido depois da pífia campanha na Copa do Mundo de 1966.

O time de Saldanha, que deu show nas Eliminatórias contra Venezuela e Paraguai, com a dupla Tostão e Pelé, estava mesclado com jogadores do Santos, Botafogo e Cruzeiro. Foi uma grande jogada de Saldanha. Usou o entrosamento dos jogadores em seus respectivos times e atuava num 4-2-4 bem montado. O time brasileiro de Saldanha era: Felix; Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Joel e Rildo; Piazza e Gerson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu.

Apesar das vitórias, Saldanha foi publicamente criticado por Dorival Knipel, o Yustrich, treinador do clube carioca Flamengo. Saldanha respondeu ao confronto brandindo um revólver . Também havia rumores de que não entendia de preparação física, havendo alguns desentendimentos com a comissão técnica sobre a condução dos treinamentos.

Como o próprio Saldanha disse em entrevista a TV Cultura, e sabido conhecimento popular, ele teria sido retirado do comando da seleção por causa da sua negativa em selecionar jogadores que eram indicados pessoalmente pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, durante a Ditadura Militar, em particular o atacante Dario Maravilha.[nota 1] Sua punição, agravado por ser militante do Partido Comunista Brasileiro, foi a dispensa do comando da seleção meses antes do mundial.

O último atrito foi quando o auxiliar-técnico pediu para sair da seleção, dizendo que era impossível trabalhar com Saldanha. Segundo João Havelange, então presidente da CBD, o esquema adotado por João Saldanha de dois pontas abertos (Jair e Edu) e o meio-campo desprotegido do Brasil, que adotava o esquema 4-2-4, não iria a lugar nenhum. Daí a demissão de João Saldanha e, depois de uma tentativa de se contratar Dino Sani, ele foi substituído por Mário Zagallo, ex-jogador de futebol e ganhador de duas copas: Copa do Mundo de 1958 e Copa de 1962, com seu tradicional e eficiente (na época) 4-3-3, montando a equipe com Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Marco Antônio (depois Everaldo); Clodoaldo, Gérson e Rivelino; Jair, Tostão e Pelé.

Saldanha retornou ao jornalismo depois desse episódio e continuou a criar algumas das mais famosas citações da história do futebol brasileiro, como: "o futebol brasileiro é uma coisa jogada com música". No final da vida, foi um dos maiores críticos da europeização do futebol brasileiro, com a adoção de esquemas mais defensivos e a perda de algumas de nossas principais características, como o jogo hábil e voltado ao ataque.

MORTE
Bastante debilitado devido ao vício tabagista, seu último trabalho jornalístico foi a cobertura da Copa do Mundo para a TV Manchete. Saldanha morreu em Roma, no dia 12 de julho de 1990.

Fonte:pt.wikipedia.org
Formatação: Helio Rubiales



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