ARTE TUMULAR
Túmulo repleto de alegorias esotéricas egípcias, onde uma figura feminina aponta uma frase identificadora por cima da porta de entrada: “Jazigo do Marquês e do Barão de Paraná”.
O jazigo em estilo de templo egípcio com formato piramidal é a evocação dos mesmos Mistérios Iniciáticos onde a pirâmide expressa a elevação da alma ao Céu sob o evoco das Três Luzes da Maçonaria (fácies triangular frontal da pirâmide) que são o Compasso, o Esquadro e o Livro Sagrado. O portal de entrada no jazigo é formado por um xadrez branco-negro onde os medalhões metálicos têm gravada a letra H de Honório e Henrique, mas também de Hermeto, isto é, de Hermes como radical de Hermetismo, bem assinalado no xadrez da evolução corporal findada ficando só o negro da noite eterna dos que volveram à imortalidade. À boa maneira egípcia, o próprio Marquês do Paraná aqui repousa embalsamado pelo Dr. Peixoto que seguiu o método de Sucquet para o embalsamamento, como quis o próprio defunto tendo deixado expresso no seu testamento, assim se assumindo uma espécie de novo “faraó” ou nobre distinto onde a sua frase emblemática vem a ter justificativa plena: “Vassalo igual ao Rei”. O próprio esquema de encaixão do Marquês foi também semelhante ao antigo sistema egípcio: o cadáver, depois de embalsamado, foi posto num caixão de zinco e hermeticamente fechado, tendo um caixão de cedro envernizado servido de invólucro ao primeiro, e esse último foi finalmente metido dentro de outro caixão de grande riqueza oferecido pela Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Três caixões para um só corpo, simbólicos dos três princípios vitais animadores desse mesmo corpo: mente, psique e físico. A figura feminina defronte ao jazigo que aponta a frase identificadora dos jacentes, com os seus trajes de sacerdotisa egípcia mais que a Morte representa a Imortalidade, como atesta o Sol resplandecente sobre a fronte, símbolo do Deus Rá ou o mesmo Logos Solar, indicativo de Iluminação Espiritual, e sobretudo as cruzes ansatas gravadas nas vestes permeio a letras A, inicial de Ankh, “Vivente”, aqui o que vive consciente na Imortalidade graças à Iniciação Maçônica, nisto a figura feminina também podendo ser a antropomorfização da própria Maçonaria e assim mesmo da Iniciação transmissora da Imortalidade, cujas águas do Oceano Eterno (Nilo ou Nihil) assinalam-se no ondado sob o friso. Nos lados da frase estão dois falcões carregando nos bicos folhas de acácia, flor da Maçonaria simbólica da Iniciação e Imortalidade, sendo que as aves expressam Kha, a “Alma” alada do Iniciado que volve ao Oriente Eterno absorvendo-se no Grande Arquitecto do Universo, o Logos Criador. Nas ombreiras laterais surgem as figuras estrelas de duas mulheres tocando cítara. Representam Nut, a Deusa do Céu, esposa de Keb (Deus da Terra, protector dos mortos), representando a Suprema Sabedoria assinalada na Música expressiva do Som Primordial revelado como Harmonia Universal. Por cima da portada, na cornija, aparece o uréus ou uraeus, que é o Olho de Hórus como Deus de Sabedoria Divina e Realeza Espiritual assinalada as serpentes reais (najas) ladeando o Sol Alado, que é quem transmite o Fluído Vital, o Sopro da Vida, propriedade do Sol vivificador e fecundador com Soberano do Universo, motivo porque os antigos faraós ostentavam uréus nas suas cabeças. A presença cobras reais erguidas interpreta-se como aqueles seres que repelem todo o mal e, consequentemente, protegem o monumento funerário e os moradores, motivo reforçado pela presença de Hórus, filho de Osíris e Ísis (a Trindade Egípcia), que combate eternamente as trevas para fazer vitoriosas as forças da luz, ou seja, para que à morte suceda a imortalidade. Essa proteção é reforçada pela presença da esfinge defronte para a figura feminina, postada lateralmente à entrada do jazigo em guisa de barrar a passagem aos estranhos. Estando deitada, em posição passiva, contempla o único ponto no horizonte onde nasce o Sol e era considerada guardiã das entradas proibidas e das múmias reais, velando sobre tudo o que foi e tudo o que será. Está além do tempo, é a representação dos Mistérios Divinos que perpassam a morte e sobrevivem aos ocasos dos ciclos da existência humana. Por isso, a Sabedoria Divina é eterna e para tanto ficou configurada no mistério da esfinge. Tem-se assim este jazigo como a morada sagrada do Iniciado que foi Honório Hermeto Carneiro Leão, de quem diz o canto nono do poema épico de Manuel Pessoa da Silva, O Marquês de Paraná: “Em tanto nesta cena aos mais se eleva, por si e pelo cargo que o investe, um homem; e na fronte desse homem resplende a majestade do juízo. Calmo, como na paz, seu rosto vê-se ante o aspecto hórrido da guerra: seu penetrante olhar, fino e conselho, a sublime firmeza do seu ânimo ressumbram com esse cunho soberano de um gênio… e é esse homem o Honório, que em meio d´essa lide o inteiro Brasil em si resume”.
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Local: Cemitério São João Batista Botafogo, Município de Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, BrasilDescrição tumular: https://www.facebook.com/RioSecretoRio/posts/1668950290027457/
Formatação: Helio Rubiales
PERSONAGEM
Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná (São Carlos do Jacuí, 11 de janeiro de 1801 – Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1856) foi um estadista, diplomata e magistrado brasileiro.
Morreu aos 55 anos.
SINOPSE BIBLIOGRÁFICA
O marques do Paraná nasceu em uma família humilde da então capitania de Minas Gerais.
Voltou para o Brasil depois de estudar na Universidade de Coimbra em Portugal e foi nomeado juiz em 1826 e depois elevado até um tribunal de apelação. Foi eleito em 1830 como representante de Minas Gerais na Câmara dos Deputados, sendo reeleito em 1834 e 1838 e mantendo o cargo até 1841.
Uma regência foi criada para governar o Brasil após a abdicação de D. Pedro I e durante a menoridade de seu filho, D. Pedro II, porém ela logo entrou em caos. Paraná formou um partido político em 1837 que ficou conhecido como o Partido Regressista, que depois se tornou o Partido da Ordem no início da década de 1840 e então o Partido Conservador na década seguinte.
Ele e os seus partidários defendiam incondicionalmente a ordem constitucional e ajudaram o país a superar a regência infestada de disputas entre facções e rebeliões que poderiam facilmente o levar a uma ditadura. Ele foi nomeado em 1841 como Presidente da Província do Rio de Janeiro e no ano seguinte ajudou a acabar com uma revolta liderada pelo Partido Liberal. Ainda em 1842 foi eleito senador por Minas Gerais e nomeado por Pedro II para o Conselho de Estado. Paraná se tornou de fato em 1843 o primeiro Presidente do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, porém renunciou depois de se desentender com o imperador.
Depois de anos na oposição, Paraná foi nomeado em 1849 pelo governo nacional como Presidente da Província de Pernambuco a fim de investigar a Revolta Praieira do ano anterior e tentar realizar um julgamento justo para os rebeldes. Ele aceitou o posto depois de ter sido culpado por seus partidários pelos anos de oposição e tendo perdido muito de sua influência, acreditando que lá poderia reconquistar sua posição. A nação ficou pacífica internamente e Paraná foi enviado em 1851 ao Uruguai para formar uma aliança com o país e com as províncias argentinas rebeldes de Corrientes e Entre Ríos, com o objetivo de se opor à Confederação Argentina. A aliança foi um sucesso e Pedro II o elevou para a nobreza.
Ele foi nomeado novamente como Presidente do Conselho de Ministros em 1853, chefiando um gabinete muito bem sucedido e tornando-se o político mais poderoso do país. A reforma eleitoral que ele defendeu foi creditada como tendo minado os processos políticos nacionais e causando sérios danos para o sistema de governo parlamentar. Paraná enfrentou oposição da maioria de seus colegas, levando a uma divisão do partido Conservador sobre suas políticas.
APOGEU E MORTE
No final, tanto o senado quanto a câmara aprovaram por uma pequena margem a reforma eleitoral – que ficou conhecida como Lei dos Círculos. A maioria dos saquaremas votou contra o projeto de lei. Paraná foi bem sucedido porque, como fundador e líder do Partido Conservador, ele "tinha um carisma enorme e uma clientela ampla na Câmara" e "poderia (e pode) dispensar poder, prestígio e clientelismo". Alguns saquaremas votaram a favor por medo, temendo que o imperador poderia voltar aos Liberais caso o gabinete caísse, resultando em uma nova perda de cargos por todo o país. Por outro lado, os Liberais apoiaram as reformas como meios de enfraquecer ainda mais o dividido Partido Conservador.
A reforma eleitoral deu a Paraná domínio indiscutível sobre o gabinete e o parlamento. Por volta de setembro de 1855, com a exceção de Pedro II, Paraná havia se tornado a figura mais proeminente do império. Ele foi apelidado por seus inimigos de "El Rei Honório". Todavia, ele não viveu muito para aproveitar sua supremacia. Paraná foi furioso responder a um discurso ofensivo feito por Pedro de Araújo Lima, Marquês de Olinda (último regente antes do Golpe da Maioridade) no final de agosto de 1856. Ele desmaiou e caiu no chão pálido enquanto falava. Sua condição piorou enquanto os dias passavam. Paraná morreu às 7h15min do dia 3 de setembro de 1856. Em um delírio causado pela febre, ele acreditava ainda estar discursando contra Olinda. Suas últimas palavras foram: "Ceticismo ... o nobre senador ... pátria ... liberdade". A causa exata da sua morte nunca foi estabelecida. Os médicos não concordavam se a doença era consequência de hepatite, pneumonia, doença nos rins, pulmões, intestino ou outra coisa.
Pedro II lamentou a morte de Paraná, dizendo que "não vejo outro que tenha a energia de que era dotado o defunto Marquês, reunindo a esta talentos pouco comuns ainda que mal cultivados".[156] Sua morte teve um impacto profundo no governo e no povo brasileiro. Foi honrado com uma grande procissão fúnebre com a presença de enorme multidão, então um evento raro no Brasil. Seu corpo foi enterrado no Cemitério de São João Batista na cidade do Rio de Janeiro.
Fonte: pt.wikipedia.org
Formatação: Helio Rubiales
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